Redação sobre cotas
Uns pelos outros
A inserção social dos negros sempre encontrou obstáculos no Brasil. Mesmo após a abolição da escravidão, devido à carência de políticas de inclusão na sociedade, os negros foram vítimas de exclusão social, o que parecem enfrentar até os dias atuais. Tal fato é ratificado pela ainda visível disparidade econômica e educacional entre brancos e negros.
Segundo Gilberto Freyre, a carga cultural que os povos africanos contribuíram ao povo brasileiro é extraordinária, abrangendo desde a culinária até o modo arrastado de falar. No entanto, tal contribuição cultural não foi acompanhada de reconhecimento social, de modo que os negros foram vítimas de duradouro processo de exclusão social. Embora essa situação dê vistas de melhora diante, por exemplo, da eleição de negros para cargos importantes, ainda conservamos certo caráter alheio ao processo de igualdade racial. Implicitamente, nas coisas mais simples, como no pequeno número de negros em papéis importantes de filmes ou novelas, pode-se ainda encontrar resquícios de desequilíbrio racial.
De fato, todo esse contexto histórico atribui à sociedade uma “dívida social” com os negros. Tais grupos necessitam de mecanismos de inserção social, numa tentativa de igualar oportunidades. Diante dessa perspectiva, as ações afirmativas representam a esperança de grupos ainda marginalizados se inserirem no ensino superior, com o objetivo de obter base acadêmica, ponte para ascensão social. Não se trata de facilitar chances, mas de igualar chances que já começaram de forma desigual.
No entanto, é preciso lembrar o caráter mediador e temporário das cotas. Os mecanismos afirmativos devem ser associados a políticas de retificação da educação básica brasileira, de forma que, num futuro tangível, todos sejam submetidos a [à] educação de qualidade e as cotas raciais não sejam mais necessárias.
Dessa forma, as cotas raciais são válidas, uma vez que tentam saldar um débito social histórico e possibilitam o