Redação - crônica

Tudo culpa da fila Tem fila no mundo todo. Ninguém as inventou, talvez tenha sido apenas mais uma forma de organizar as pessoas umas atrás das outras, ou de começar uma briga. Afinal, quem gosta de fila? Ainda mais aquelas demoradas com aquele calor, alguém sempre diz: - Mas que demora! Isso não vai andar não? - E é assim todos os dias, na hora do almoço, no supermercado ou no banco, uma complicação. Além disso, surge aquele mais esperto com aquelas cantadas velhas apenas para cortar sua fila, puxa assunto dizendo: - Que calor, faz tempo que está aqui? Assim descaradamente vai entrando em sua frente. E não é só isso, volta e meia você encontra pessoas simpáticas nessas filas, talvez até demais, capazes de contar suas vidas sem que você sequer pergunte. Mas é tanta história. Contam desde um divórcio até o jantar de ontem à noite, e o que lhe resta são sorrisos amarelos para disfarçar a falta de interesse naqueles papos com estranhos somente para passar o tempo. Por exemplo, as filas de supermercados. É uma verdadeira falta de privacidade ter sua marca de papel higiênico explicita para todos. E não podemos esquecer o quão estressante é principalmente para os pais. Já reparou que aquelas prateleiras cheias de chocolates e bugigangas do caixa têm somente uma finalidade? Sim, para o seu filho ficar pedindo e pedindo por aquele produto muitas vezes caro, ou inútil, e para você odiá-las. A última vez que fiquei plantada na fila do caixa de um supermercado notei que conflitos como estes existem a todo o momento. Encostado no balcão, um senhor em minha frente dizia repetidas vezes ao garoto pirracento ao seu lado: - Já disse que não, Antônio Miguel! Não me aporrinhe! E o menino batendo os pés no chão gritava apontando a um brinquedo colorido: - Pai, compra! Por favor, pai! Compra, compra, compra... O senhor muito sério, fingindo não ligar – Seu rosto estava na cor dos tomates que levava em seu carrinho