Crônica para aula de redação
Subida.
Meu pai me acordou com um achocolatado na temperatura perfeita. Havia tempo que ele não me agradava assim, a última vez que me lembro foi na manhã que precedeu a fatalidade de minha mãe. Ele voltou a jogar depois do acidente, se afastando cada vez mais. E eu, crédula de se tratar de uma fase passageira, dei o espaço que achei merecido. Parece que acertei nisso. E estava decidida a usar isso como motivo para tentar voltar a sorrir. Com um beijinho de bom dia, ele pediu para que me apressasse em me vestir para a escola. Tal ocasião merecia Cores! Me levantei e escolhi uma saia que ele me deu no meu aniversário de 16 anos. Ele insistia em dizer que fora ele quem escolheu, mas eu sabia que tinha dedo da minha mãe ali. Era uma saia no estilo polkadot, que eu adorava porque nas aulas de matemática eu podia brincar de nomear as bolinhas.
Descida.
Quando desci para a sala, ele já havia saído. Peguei minha mochila contendo meus cadernos e o livro que eu estava lendo no momento. ‘A Nascente’ de Ayn Rand, o qual eu super-recomendo. Além dessas coisas também estavam lá meu estojo contendo todas as minhas canetas coloridas e minha caixinha de remédios.
Tomei o caminho da escola, o dia estava nublado, o que nunca é uma boa coisa. As pessoas ficam mais frias sem o Sol. Cheguei minutos antes de o sinal soar, a primeira aula era de Educação Física. Como eu havia esquecido? Tive de tirar minha saia e colocar aquelas calças que realçavam minhas maravilhosas pernas finas. Eu com certeza acabaria parecendo uma garça. Branca, magricela e desengonçada. E pra melhorar eu sabia que ia acabar tropeçando. Tropecei. Mesmo com a cara no chão eu já ouvia os risinhos. Umedeci a terra com uma torrente de lágrimas. Levantei-me e corri para o vestiário. Peguei minha