Redacao FGV 2013
Se você leu "Cândido", de Voltaire, e achou o dr. Pangloss um sujeito muito otimista, é porque não abriu "Abundance", de Peter Diamandis e Steven Kotler.
Os autores, um milionário com formação em engenharia espacial, genética e medicina e um jornalista científico, dizem com todas as letras que a humanidade está para entrar numa era de superabundância, na qual tecnologias tornarão itens essenciais tão baratos que todos os habitantes da Terra terão acesso a bens e serviços até há pouco ao alcance apenas dos muito ricos. E tudo isso no horizonte de uma geração.
Nosso primeiro impulso é tachar Diamandis e Kotler de malucos e voltar a maldizer os tempos e os costumes. O problema é que eles apresentam argumentos para apoiar sua tese. O ponto central é que a tecnologia tem crescimento exponencial. Hoje, um guerreiro massai com seu smartphone tem acesso a mais informações do que dispunha o presidente dos EUA apenas 15 anos atrás.
Para a dupla, revoluções semelhantes estão para acontecer no acesso a água, alimentos, energia, educação e saúde. No que é provavelmente o aspecto mais interessante do livro, os autores descrevem dezenas de pesquisas, algumas bem adiantadas, que poderão em breve mudar a face do mundo. São coisas como membranas que dessalinizam a água, carne sintetizada em tubos de ensaio, reatores nucleares portáteis e telefones celulares que realizam exames de sangue em seus donos. (...)
Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo, 16.09.12
Texto II
Há uma semana, achei por bem fazer um teste e perguntar à minha filha de 12 anos como ela imaginaria o mundo no ano de 2030.
A ideia era procurar descobrir alguém que vê o futuro como um campo completamente virgem. Talvez uma oportunidade para ouvir a voz de sujeitos para quem 2030 seria seu espaço de direito. Espaço que, a princípio, poderiam moldar a partir da soberania de sua vontade.
Mas, aos poucos, sua descrição foi assemelhando-se a uma distopia de cidades à beira de um colapso,