Realismo-obras
Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)
“Memórias Póstumas de Brás Cubas” é uma obra excepcionalmente criada como folhetim, mas logo foi publicada como livro pela Tipografia Nacional. Muitos a consideram o marco inicial do Realismo no Brasil. O livro é dotado de ironia às típicas nuances da elite privilegiada, severa constatação da escravidão e nítida presença das classes sociais. Como o título da obra revela, a narração é feita por um defunto. Suas memórias são retratadas em primeira pessoa e ele mesmo se autodenomina defunto-autor. Brás Cubas era da elite carioca e começa dando forma ao seu enredo por meio da dedicatória. Como ele mesmo ressalva, a obra é dedicada aos vermes que então o roeram no seu túmulo. Dedica uma parte do texto ao leitor, podendo explicar seu estilo de escrever. Em seguida, em “Óbito do Autor” dá devida atenção a sua morte e revela sua causa: uma pneumonia contraída enquanto fabricava seu maior desejo, um remédio que pudesse curar a todos e dar glória. Era intitulado panaceia medicamentosa. Mesmo sendo um defunto, como ele mesmo dizia, não cabe aos leitores dar opinião alguma sobre a forma de como o narrador segue sua história. Sua vida, agora, depende somente de como ele a enxerga e nada mais. O enredo é dotado de ironia e sarcasmo, pois o próprio protagonista morre tentando curar o mundo. Além disso, a rica e luxuosa elite é exaltada como uma classe cheia de privilégios. É também um fato na obra os desejos carnais e os pecados do homem: o amor pela prostituta, o adultério e a forma de como burla uma senhora para aplacar tal ato.
Trecho da obra
“Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho,