Realismo epistemológico
Entendemos por realismo a posição epistemológica segundo a qual há coisas reais, independentes da consciência. Esta posição admite diversas modalidades. A primeira, tanto histórica como psicologicamente, é o realismo ingênuo. Este realismo não se acha ainda influenciado por nenhuma reflexão crítica acerca do conhecimento. O problema do sujeito e do objeto ainda não existe para ele. Não distingue em absoluto entre a percepção, que é um conteúdo da consciência, e o objeto percebido. Não vê que as coisas não nos são dadas em si mesmas, imediatamente, na sua corporeidade, mas somente como conteúdos da percepção. E como identifica os conteúdos da percepção com os objetos, atribui a estes todas as propriedades incluídas naqueles. As coisas são, segundo ele, exatamente tais como as percebemos. As cores que vemos nelas pertencem-lhes como qualidades objetivas. O mesmo se passa com o seu sabor e odor, com a sua dureza ou maciez, etc. Todas estas propriedades pertencem às coisas, independentemente da consciência perceptiva.
Diferente do realismo ingênuo é o realismo natural. Este já não é ingênuo, mas está influenciado por reflexões críticas sobre o conhecimento. Isto revela-se no fato de que já não identifica o conteúdo da percepção e o objeto, mas distingue um do outro. Apesar disso sustenta que os objetos correspondem exatamente aos conteúdos da percepção. Para o defensor do realismo natural é tão absurdo como para o realista ingênuo que o sangue não seja vermelho, ou que o açúcar não seja doce, mas sim que o vermelho e o doce só existam na nossa consciência. Também para ele estas são propriedades objetivas das coisas. Por ser esta a opinião da consciência natural, chamamos a este realismo “realismo natural”.
A terceira forma de realismo é o realismo crítico, que se chama crítico porque assenta em considerações de crítica do conhecimento. O realismo crítico não acredita que convenham às coisas todas as propriedades inseridas nos conteúdos da percepção,