Realidade de presos
Para cometer um crime basta apenas querer, mas é preciso força pra agüentar e superar as conseqüências. Em entrevistas com ex-detentos de diferentes sistemas carcerários do país, e que foram detidos por crimes distintos, pude notar a vida sobre humana que levaram, e todas as situações a que foram submetidos.
Superlotação é uma realidade do sistema carcerário do Brasil, onde o detento é tratado sem nenhuma dignidade, “A comida é péssima, o lugar é horrível, o tratamento é triste de ruim. Sub-humano! Eu fiquei numa cela com 15 pessoas, uma cela que não tem capacidade pra 10. Uma superlotação. Dormi no chão igual cachorro.“ Explica, Marlucia dos Santos e Silva, detida por 11 dias na Penitenciária Feminina de São José do Bonifácio, onde teve passagem por contrabando. A superlotação nos presídios cresceu em 17 estados de todas as regiões e no Distrito Federal, entre o final de 2012 e junho do ano passado. Há no país uma média de 1,69 preso para cada vaga, sem gestão eficiente mais pessoas entram na cadeia do que saem, há um aumento de cerca de 30% de detentos no Brasil somente nesse ano. Os presidiários ficam a mercê das autoridades, que como forma de reduzir a superlotação criam penas alternativas como; á prestação de serviço à comunidade, limitação de fins de semana, proibição do exercício de determinadas profissões e etc. “Trabalhamos na coleta de lixo, na coleta seletiva do lixão, limpando os dormitórios e banheiros dos carcereiros, na marcenaria, cartório e biblioteca. Então era um dia pesado, cansativo. A noite bem cedo a gente já ia se deitar, apesar de ser bastante difícil conseguir dormir nos primeiros dias.” Diz Heitor Vilela, detido na Casa de Prisão Provisória (CPP), sob a acusação de ser um dos líderes do movimento social que luta por melhorias no transporte público local.