RE: Unidade I - A Natureza da Cultura
O filme apresentado retrata uma situação recorrente no ambiente hospitalar, embora tenha como temática uma patologia pouco citada, a síndrome de locked-in, ou enclausuramento, causada por um Acidente Vascular Encefálico. Constatar a existência de uma patologia e comunica-la ao paciente ocorre diariamente, principalmente em casos considerados graves pela medicina. Dizer a ele ou familiar, que não poderá mais andar, se comunicar ou até mesmo que possui pouco tempo de vida, é uma situação rotineira e muitas vezes complicada na medicina.
Ser portador de uma doença rara, ou grave, não significa atestar o óbito imediato daquele paciente, ele também é um ser humano que possui sentimentos, anseios, raciocínio crítico e uma história de vida. No filme em vários momentos tais fatores foram negligenciados, todos os profissionais sabiam do grau de consciência de Bauby e mesmo todos sendo bastante atenciosos com ele, ainda assim faltava uma certa delicadeza no seu trato. Prestar atenção em pequenos detalhes, como o canal da televisão, deixar ele escolher o que realmente o interessa, não esquecendo nunca de perguntar ao paciente as suas vontades, jamais agir por ele, quando claro em situações que ele possa opinar.
O Sr. Bauby, foi comunicado de sua doença de maneira extremamente fria e impessoal, em que desconsiderou-se as possíveis reações que tal notícia poderia acarretar, embora o personagem tenha características de um ser humano que controla e racionaliza suas emoções. O médico neurologista que o avaliou não possuía um conhecimento prévio da sua patologia, dizendo desconhecer as causas do problema, portanto não vejo justificativa do profissional da saúde mostrar-se tão alheio aos sentimentos do doente. É claro que a informação deve ser passada, inclusive os seus detalhes, mas devemos estar sempre atentos a forma como isso deve ser feito. A maneira como nos colocamos com as palavras faz toda a diferença, mesmo sendo a pior notícia, é nosso dever passa-la de