Raízes biológicas da religião
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Autor: Morton Hunt
Tradução: André Díspore Cancian
Fonte: Free Inquiry magazine, Volume 19, Number 3
Por que ateus são tão diferentes da esmagadora maioria da humanidade? Por que eles não precisam acreditar num deus tradicional de qualquer espécie – e a maioria deles nem mesmo numa força primária que apenas acendeu o estopim do big-bang e então deixou tudo tomar seu próprio curso?
São eles simplesmente mais inteligentes que praticamente todos os outros? Estou disposto a acreditar que são mais espertos e esclarecidos sobre a realidade que, digamos, os membros da União
Cristã. Mas poderia supor que são mais inteligentes que crentes profundamente religiosos como Platão,
Santo Agostinho, Tomás de Aquino, Descartes, Newton, William James ou mesmo Einstein? Ou, neste mesmo sentido, que a maioria dos cientistas americanos de hoje, que, de acordo com as pesquisas, professam algum tipo de crença religiosa? (1)
Mas o anverso deste enigma é bem mais curioso: Por que praticamente todos seres humanos em praticamente cada cultura conhecida acreditaram num Deus ou deuses e aceitaram os costumes, os dogmas e o aparato institucional de uma imensa fileira de diferentes religiões?
Crença sem Evidência
O que faz isso tão estranho é que nos, seres humanos, sobrevivemos, nos multiplicamos e viemos a dominar a Terra em virtude de nossa inata tendência de resolver problemas percebendo relações de causa-e-efeito e fazendo uso delas – observando e usando informação empírica vinda desde a aerodinâmica superior de uma flecha quando emplumada até a extraordinária expansão de nossos poderes cognitivos alcançada com computadores.
Todavia, ao mesmo tempo em que isso indica que a mente humana é basicamente pragmática, praticamente todo ser humano durante a história documentada (e julgando a partir da evidência arqueológica de muito da pré-história) cultivou crenças religiosas sem qualquer base