RACISMO

590 palavras 3 páginas
Como Daniel Alves derrotou o racismo
Ao reagir com fina ironia à provocação, o craque brasileiro venceu racistas que teimam em exibir seu primitivismo nos estádios de futebol de todo o mundoRinaldo Gama
A FORÇA DA ELEGÂNCIA - "Se eu tivesse tido outra reação, mais agressiva, poderia não passar de mais um episódio de preconceito no futebol" (João Queirolo/VEJA)
No imaginário Livro das Espécies, que, teimosamente, repousa na estante da história do futebol, os brasileiros figuram como macacos no mínimo há mais de noventa anos. Em 1920, ao disputarem o campeonato sul-americano no Chile, os integrantes da equipe nacional foram chamados de “macaquitos” por um jornal argentino. O Brasil se indignou, porém pelos motivos errados: para o governo, conforme se lê no apêndice do livro de Mario Filho (1908-1966), O Negro no Futebol Brasileiro, “a questão passava pela imagem que a República precisava construir de si própria, deixando para trás os vestígios ligados à escravidão e à miscigenação, em um momento em que os discursos em torno da eugenia eram imperativos”. O escritor carioca Lima Barreto (1881-1922), mulato e pobre, para quem o futebol era “eminentemente um fator de dissensão”, destacou, com ironia, em uma famosa crônica, que “a nossa vingança é que os argentinos não distinguem, em nós, cores; todos nós, para eles, somos macaquitos”. No domingo 27, o tal Livro das Espécies ganhou, infelizmente, uma nova edição - mas, pelo menos, revista e atualizada. E, com isso, uma versão 2014 do “todos somos macaquitos”.
Eram trinta minutos do segundo tempo do jogo Villarreal versus Barcelona quando o brasileiro Daniel Alves, titular da equipe azul e grená, se encaminhou para bater um escanteio. Uma banana, então, foi atirada em sua direção. O lateral - um baiano de 30 anos, pardo, como se diz nos censos, e de olhos verdes - reagiu de forma inesperada para o público e certamente também para o agressor: pegou a fruta, descascou-a e a pôs na boca.
Aquele era o oitavo caso de

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