Racismo
Tais fatos têm reforçado a tese de que é preciso mais rigor contra este tipo de comportamento racista, ao mesmo tempo em que levanta uma controvérsia sobre até que ponto uma sociedade democrática, agindo através do Estado, pode cercear o direito à livre manifestação das pessoas.
A expressão racismo no futebol é empregada de forma tecnicamente equivocada, porque o que é assim classificado pela mídia se trata, na verdade, do crime de injúria qualificada, definido no artigo 140, § 3º, do Código Penal Brasileiro, e não do crime de racismo, prescrito na lei 7.716 de 1989. Em 2010, Tonini defendeu a dissertação de mestrado “Além dos gramados: história oral de vida de negros no futebol brasileiro (1970-2010)”. Neste trabalho, o autor focaliza o mercado de trabalho dos treinadores negros. A partir da análise e interpretação de 20 entrevistas, realizadas com ex-jogadores, árbitros e outras pessoas do cotidiano do futebol, conclui que existe uma herança do ideário escravocrata, cuja idéia é a de que o negro não serve para pensar e, por esta razão, seria incapaz de comandar.
Na Europa, e agora no Brasil, têm sido cada vez mais frequentes as manifestações de caráter racista contra jogadores negros. Na semana passada o jogador são-paulino Grafite foi ofendido por um jogador argentino, que foi parar na prisão. Na Espanha, a torcida do Atlético de Madrid atirou uma banana na área do goleiro negro do time adversário. Tais fatos têm reforçado a tese de que é preciso mais rigor contra este tipo de comportamento racista, ao mesmo tempo em que levanta uma controvérsia sobre até que ponto uma sociedade democrática, agindo através do Estado, pode cercear o direito à livre manifestação de pensamento das pessoas. Jogadores continuaram a ser ofendidos ou ridicularizados por serem negros.
Difícil dizer se eles estão se tornando mais frequentes, mas o fato é que continuam acontecendo, apesar das campanhas de conscientização promovidas pela Fifa e entidades