Questao democratica
É evidente que a ideologia democrática e a prática democrática são conceitos que trabalham com os mesmo ideais. Entretanto, são distintas na medida em que aquela se baseia em teorias enquanto esta se consolida através das ações práticas. Diante desta percepção, fica claro que existe na prática democrática uma profundidade e uma verdade muito maiores e superiores ao que a ideologia democrática percebe e deixa perceber.
Partindo destes princípios, podemos observar, por exemplo, o conceito das “eleições”. São muito mais do que uma simples alternância de governantes ou mera rotatividade do poder. Tal conceito torna-se abrangente e significativo uma vez que representa o essencial da democracia. O poder não pertence ao governante e, portanto, é sempre um lugar vazio que os cidadãos, periodicamente, preenchem com um representante. Além disso, é perceptível que a sociedade não é uma comunidade indivisa voltada para o bem comum em consenso. Ao contrário disto, ela está internamente dividida e as divisões são legítimas. Por isso, dizemos que a democracia é a única forma política que considera o conflito legítimo e legal, permitindo que ele seja trabalhado politicamente pela própria sociedade. Da mesma forma, os ideais de igualdade e liberdade na teoria fazem parte de uma regulamentação jurídica formal, mas na prática indica que os cidadãos são sujeitos de direitos e que, onde tais direitos não existam nem estejam garantidos, tem-se o direito de lutar por eles e exigi-los.
Fazendo uma análise nos conceitos de “direito”, “necessidade ou carência” e “interesse”, observamos diferenças significativas nas características de cada um. Necessidades, carências ou interesses são particulares e específicos enquanto que um direito é universal, válido para todos os indivíduos, grupos ou classes sociais. Com isso, podemos afirmar que uma sociedade é democrática quando, além de eleições, partidos políticos, divisão dos três poderes e respeito à vontade da maioria e