Quem vai Assumir seu lugar?
“O sujeito pode transferir esse reconhecimento do trabalho para o registro da construção de sua identidade. E o trabalho se inscreve assim na dinâmica da autorrealização. A identidade constitui a armadura da saúde mental. Não há crise psicopatológica que não tenha em seu núcleo uma crise de identidade. E isto confere à relação com o trabalho sua dimensão propriamente dramática. Ao não contar com os benefícios do reconhecimento de seu trabalho nem poder aceder ao sentido da relação que vive com esse trabalho, o sujeito se confronta com seu sofrimento e só a ele. Sofrimento absurdo que só produz sofrimento, dentro de um círculo vicioso, e que será desestruturante, capaz de desestabilizar a identidade e a personalidade e causar doenças mentais. Por isso, não há neutralidade no trabalho em relação à saúde mental.”
Para os trabalhadores, muitas vezes, é impossível determinar se seus fracassos têm a ver com uma falta de competência ou com anomalias do sistema técnico. E esta perplexidade é uma causa de angústia e sofrimento que toma a forma do medo de ser incompetente, de não estar à altura ou ser incapaz de enfrentar situações excepcionais ou inesperadas, nas quais esteja envolvida a responsabilidade.
Assim, é afirmado por Freud (1929), que todo sofrimento nada mais é do que sensação, só existe na medida em que se sente e só sentimos em consequência de certos mecanismos pelos quais nosso organismo está regulado.
Com efeito, o trabalhador é regulado pela organização e seus pares, assim observa-se a realidade do sofrer, no corpo, na alma direcionando à fragilidade, ao adoecimento.
A carga psíquica do trabalho resulta da confrontação do desejo do trabalhador, à injunção do empregador contida da organização do trabalho. Em geral a carga psíquica do trabalho aumenta quando a liberdade de organização do trabalho diminui”. (Dejours, 1994, p. 28)
O sofrimento mental não é, de fato, um "produto da sociedade moderna", da tecnologia,