Quem não erra!
Supermercado Moderno - Vivemos uma cultura corporativa em que errar é proibido ou as empresas, de modo geral, aceitam os erros dos funcionários e os estimulam a progredir?
Mario Persona - Na realidade, não se trata de uma cultura corporativa mas de uma cultura em termos gerais. Desde a escola somos penalizados pelo erro e premiados pelo acerto. Não me refiro aqui à penalidade por cometermos algum delito ou transgressão, mas pelo simples desconhecimento.
Se você errar as questões na prova, sua nota irá valer menos do que a de alguém que acertou todas, mas na vida não é bem assim que as coisas funcionam. Na vida erramos às vezes por desconhecermos uma solução ou simplesmente por corrermos o risco de encontrá-la.
Muita gente quebrou o pescoço por construir aviões de forma errada, até chegar ao que temos hoje. Foram tentativas que levaram ao desenvolvimento de soluções livres de erros ou falhas, porque alguém errou antes.
É claro que um colaborador em uma empresa não deve ter licença para errar naquilo que já é bem conhecido, mas acredito que o melhor método foi o que usei com meus filhos quando eram crianças. Eles jamais eram penalizados por erros cometidos por ignorância, como acidentes por saber que um copo podia quebrar se derrubado ou por brincarem com uma faca antes de saberem que ela podia cortar. É claro que em casos assim o próprio corte acabava sendo a penalidade.
Mas quando, depois de estarem avisados e cientes de como deviam agir, eles deliberadamente agiam de maneira contrária, aí mereciam a reprimenda. Uma criança que fosse repreendida por qualquer ato de inconseqüência infantil poderia ter sua criatividade tolhida e acabaria perdendo a curiosidade por novas descobertas.
O mesmo vale para a comunicação. Há muitos que reprimem a comunicação dos filhos