Quebra Da Bolsa Em 1929
A quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, marcou o fim de uma era de euforia e prosperidade e preparou o cenário para uma depressão mundial que culminaria na Segunda Guerra
Felipe Van Deursen | 01/07/2008 00h00
Como fazia toda quinta-feira, naquela manhã de outubro de 1929 o mítico bilionário do petróleo John Rockefeller encontrou seu engraxate, com quem gostava de conversar sobre trivialidades. Enquanto lustrava o couro, o garoto olhou para o homem mais rico do mundo e disparou: “Fiquei sabendo de uns papéis que vão subir pra valer, senhor”. Rockefeller dobrou o jornal, fitou o guri e, ao voltar ao escritório, vendeu boa parte de seus papéis na Bolsa de Valores de Nova York. “Se o menino que lustra seus sapatos sabe tudo sobre o mercado, então algo muito errado está acontecendo”, afirmou.
Uma semana depois, nos 24 de outubro que ficou conhecido como “quinta-feira negra”, a Bolsa da metrópole americana iniciava uma traumática queda, levando milhares de pessoas à falência. Bancos e indústrias foram arruinados. Pequenos investidores também foram à bancarrota. Eram professores, garçons, datilógrafos. Gente que havia sido atraída para o mercado de ações numa época de deslumbramento: os loucos anos 20.
É bastante provável que a história de Rockefeller, que se safou razoavelmente ileso da quebra (ou crack, em inglês, como o episódio ficou conhecido), seja lenda – criada por ele ter sido um dos poucos investidores a não perder muito dinheiro. Fato é que, três anos depois, engraxates como o do bilionário eram a profissão que mais crescia em Manhattan. O jornal The New York Times registrou que, além dos cerca de 7 mil garotos lustrando sapatos para ajudar a família (cena praticamente inexistente no verão de 1929), havia uma multidão de camelôs vendendo gravatas baratas, balões coloridos e toda sorte de bugigangas. Nova York vivia seus dias de Terceiro Mundo. A Grande Depressão assolava a América.
Loucura, loucura
Quando a