Quando se escreve à ninguém
Em "O que é o autor?", de Foucault, entretanto, nos é falado da morte do autor nas obras literárias contemporâneas, à sua não existência - seu desaparecimento pela ausência de 'características individuais do sujeito que escreve' - nos seus escritos. Isso em oposição à textos gregos antigos e "As mil e uma noites", por exemplo, onde a escrita funcionava como meio de alcançar a imortalidade: escrevia-se para garantir a perpetuação da história do herói, fazê-lo conhecido mesmo após sua morte. Acredito que é possível estabelecer um traço entre essas suas correntes e os diários: escreve-se para expressar seus desejos, igualmente anulando a si mesmo, autor, por vergonha e/ou reprimenda moral do desejo, assim como escreve-se para imortalizar seus desejos, como se estar escrito garantisse a validade das palavras, como se escrever tornasse a ficção do diário em realidade.
Voltando ao texto "Escritores criativo e devaneios", por um breve momento e numa quebra textual que será