Qualquer coisa
nº 19 – Dezembro 2014
ISSN 1809 4589
P. 111 – 117
A CIDADE INDUSTRIAL E O REGIME PALEOTÉCNICO
Rodrigo Janoni Carvalho1
Na análise dos processos de industrialização e urbanização, consideramos a essencialidade do conceito de paleotécnica, do historiador Lewis Mumford, relativo ao novo ambiente de vivência do homem com a consolidação do industrialismo, bem como o de cidade industrial arquetípica.
A gênese e o desenvolvimento industrial sublinham a transformação da técnica.
Baseado em Patrick Geddes (1994) e Lewis Mumford (1980 e 1991), podemos apresentar as características das fases da técnica basicamente em três momentos distintos, sendo elas sucessivas e superpostas, predominando um aproveitamento de matérias-primas especiais, meios específicos de gerar energias e formas especiais de produção. Vivemos hoje na neotécnica/biotécnica, embora ainda perdurem elementos da eotécnica e da paleotécnica, com reflexos em questões urbanas e industriais, por exemplo.
A eotécnica compreenderia uma fase preparatória à paleotécnica, possibilitando o grande desenvolvimento industrial, cuja energia e materiais característicos são representados pelo complexo de água e madeira, prolongando-se até a segunda metade do século XVIII.
Esse período antecessor à Revolução Industrial é marcado pelo desenvolvimento das artes mecânicas, o aumento da utilização do animal para a produção da energia e a maior difusão das populações. O vento foi uma importante fonte de energia materializada no custo quase nulo dos moinhos.
Como apontado, o complexo de água e madeira, em conjunto com a força dos ventos, constituiu um marco histórico na técnica, a partir da amplitude da navegação. Destaca-se também o desenvolvimento da arte da mineração, a indústria do vidro e da química, o relógio e a ampliação da visão com invenções como o microscópio e o telescópio, modificando-se radicalmente a concepção do espaço com o desenvolvimento científico. Ressalva-se ainda