Quais são os obstáculos formais que dificultam a entrada da turquia na união européia?
A razão cultural
Na Antiguidade, o território que hoje pertence à Turquia foi um espaço da cultura européia, através do helenismo, da romanização e da influência bizantina. Porém, desde a emergência do Islã na baixa Idade Média, praticamente toda essa região permaneceu desde o séc. XII-XIII sob uma cultura diametralmente oposta. Apesar de todos os aparentes "esforços" de ocidentalização das últimas décadas, a verdade é que (à exceção de uma pequena minoria urbana esclarecida) a quase totalidade da população turca não partilha dos valores nem das aspirações européias.
A razão geográfica
À exceção da cidade de Istambul, a Turquia não se situa na Europa. A sua adesão à União Européia significaria que a UE passaria a ter fronteira terrestre com estados instáveis e problemáticos como a Síria, o Iraque, o Irão, a Armênia e a Geórgia. Como se isto não bastasse, a UE faria a importação para o seu território de um problema chamado Curdistão, e do terrorismo que lhe está associado.
A razão demográfica
A Turquia passaria a ser o mais populoso dos estados da UE. Tem 60 milhões de habitantes e terá 70 milhões em 2010; tem mais habitante que a Polônia, a Alemanha, ou qualquer outro país europeu. Isso significaria que, no Parlamento Europeu e nas outras instituições européias, viria a ter um peso decisivo; pode-se mesmo dizer que não se trata da integração da Turquia na Europa, mas da integração da Europa na Turquia.
A razão estratégica
A Turquia é membro da NATO, e isso interessa aos EUA pela sua posição geográfica: próximo do Mediterrâneo, de Israel, dos poços de petróleo e da Rússia. O "casamento" da Turquia com a União Européia é uma idéia norte-americana, que significa uma jogada vencedora em vários tabuleiros: faz uma ancoragem eficaz da Turquia ao interesse "ocidental" e, simultaneamente, introduz na UE uma fonte de problemas permanente e durável, que dificultará o desempenho