Pueril
2. Evidente que as regras de atitudes externas obedecem a imperativos sociais que se submetem às mutações históricas. Isso não obstante, é gratificante atentar para a plausibilidade de certas diretrizes que, salvantes pequenas nuances, merecem, ainda hoje, simpático acolhimento.
3. Embora o texto deste primeiro livreto, intitulado De civilitate morum pueorum, ou seja, Sobre a civilidade dos costumes dos meninos, aliás, um modesto manual de práticas, seja direcionado para corrigir e ordenar atitudes externas e corporais (modo de olhar, falar, andar, vestir-se, etc), Erasmo objetiva muito mais. Ele entende predispor o pré-adolescente para compor-se e entrar em harmonia com o alinhamento de princípios educacionais que
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seriam explanados no segundo texto, o livro De Pueris (Sobre os meninos). Ali, fica claro que o código de compostura mais do que meras regras de comportamento social espelham a imagem da personalidade em formação.
4. Consciente de que cada ser humano responde pelo feitio de sua pessoa, Erasmo insiste, e muito, sobre a necessidade de adequar o corpo ao espírito de onde refluem os princípios éticos da verdadeira e comum nobreza, a saber, a honestidade como já era ensinado por Cícero, no primeiro curso de ética para os advogados em Os Deveres e, logo depois, por Sêneca com os textos A vida feliz e A tranquilidade de espírito.
5. A criança, cuja infância for agraciada por um processo educativo adequado, ingressa, com naturalidade, nas