Psicologia
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O dia a dia de um psicanalista
Teorias fracas. Teorias fortes
Cecil José Rezze1
Resumo: O autor propõe teorias fracas como meio de investigação psicanalítica, tanto para a clínica quanto para os conceitos. Inicia com as dificuldades em grupos psicanalíticos, tanto em discutir a situação clínica quanto os conceitos. Como instrumento de trabalho descreve quatro situações clínicas que são acompanhadas de comentários, tanto os feitos durante a sessão quanto as reflexões que essas situações suscitaram e que desaguaram nas teorias fracas, como as do despontar da criatividade, prudência, hipnotismo, de causalidade e outras. Estas serviram de instrumento para o exame de uma teoria forte – transformação em alucinose – e permitiram sugerir que está ligada ao vínculo de ódio, enquanto com o uso das teorias fracas, salienta-se a importância dos vínculos de amor e conhecimento.
A correlação destes fatos vai determinar um novo posicionamento teórico e clínico. Com o exame do fator probabilidade encaminha-se para a conclusão sobre a pluralidade das teorias na psicanálise atual, por enquanto mantendo uma unidade. Breve exame das teorias cognitivas e neurociências trazem perspectivas de enriquecimento, embora de difícil uso para um psicanalista comum, sendo que estes acréscimos não mudam a situação de pluralidade.
Palavras-chave: transformação em alucinose; vínculos; pluralidade; neurociência; memória implícita; common ground; probabilidade.
Ao começar o trabalho senti-me na situação de quem estivesse tentando escrever uma história. Isto porque vinham à minha mente lembranças de sessões que me remetiam a situações comuns da vida e como elas são encaradas no cotidiano.
Assim fui me dando conta de inúmeras observações que fazemos no decorrer da conversa que temos com o analisando e que constituem um campo enorme de falas, observações, comentários, exemplos de certas situações,