PSICOLOGIA
Proponho tratar as várias teorias que compõem o campo da Psicologia como paradigmas, tomando por base A Estrutura das Revoluções Científicas, obra de Thomas Kuhn que foi publicada no início dos anos sessenta, suscitou elevada polêmica entre os estudiosos de Filosofia da Ciência e teve alguns de seus conceitos posteriormente reformulados pelo autor – especialmente no posfácio que passou a figurar no livro a partir de 1969. Embora as idéias de Kuhn sejam bastante sugestivas, creio ser possível tomá-las apenas a título de empréstimo parcial, como logo mais se verá.
O que caracteriza um paradigma é o fato de conter realizações científicas "reconhecidas durante algum tempo por alguma comunidade científica específica como proporcionando os fundamentos para sua prática posterior" (Kuhn, 1990, p.29), o que define "implicitamente os problemas e métodos legítimos de um campo de pesquisa para as gerações posteriores de praticantes da ciência"; ao fazê-lo, tais realizações atraem um "grupo duradouro de partidários, afastando-os de outras formas de atividade científica dissimilares". Ao mesmo tempo, trata-se de realizações "suficientemente abertas para deixar toda espécie de problemas para serem resolvidos pelo grupo redefinido de praticantes da ciência" (idem, p.30).
Desse modo, certas formulações originais contidas no amplo espectro das teorias psicológicas podem ser nomeadas paradigmas, ou matrizes disciplinares, conforme Kuhn mostrou preferir no posfácio acima mencionado. Tomadas na concepção de seus autores principais, a obra de Freud, ao fundar a Psicanálise, os trabalhos de Pavlov, bem como os de Watson, Skinner e outros psicólogos norte-americanos, ao estabelecerem as bases para o Comportamentalismo e os escritos de Piaget, na elaboração da Epistemologia Genética, são exemplos de realizações científicas que conquistaram o reconhecimento de parcelas da comunidade científica e propuseram, cada qual à