psicologia
Lígia Márcia Martins1
Este texto tem como objetivo central introduzir os estudos acerca dos fundamentos epistemológicos da psicologia socioistórica e, para tanto, procura contemplar questões gerais básicas que favoreçam a compreensão de tais fundamentos. Assim, apresenta aspectos teórico-metodológicos e históricos que permearam seu surgimento bem como as premissas centrais da matriz filosófica que lhe confere sustentação, isto é, do materialismo histórico dialético. As categorias teórico-filosóficas expostas serão objetos específicos de estudos subseqüentes, cujos conteúdos, pelos limites impostos a um texto único, não serão por ora abordados. Portanto, o estudo da temática em pauta não se esgota na presente exposição, outrossim, apenas se inicia; representando o ponto de partida para contínuas reflexões de complexificação progressiva.
Principiando a conversa...
A Psicologia, ciência datada do século XIX, desde sua origem se fez marcada por um traço muito específico: contemplar uma vasta gama de objetos, métodos e teorias. Esta abrangência epistemológica, a rigor, coloca-nos diante de uma ciência multifacetada, ou, como referem alguns de seus estudiosos, diante de “várias psicologias”.
Importante observar que esta abrangência, se por um lado reflete a hegemonia lógico-formal característica do campo científico no século XIX, por outro, reflete as demandas advindas da consolidação histórico-social da classe burguesa no poder. Instituindose como ciência no final do século XIX, início do século XX, a psicologia, como bem analisa
Tuleski (2004), carregou consigo, desde sua origem... “a marca de dualismos rígidos e insuperáveis, tais como objetividade / subjetividade, normal / patológico, social / individual, orgânico / mental, entre outros” (p. 121).
No
esteio
de
tais
dualismos,
dicotomizando
a
existência
objetiva
e,
conseqüentemente,