Psicologia

1583 palavras 7 páginas
felicidade, ou a alegria, seu representante elementar, são frutos da realização de desejo. Se alguém está alegre ou feliz é porque algum desejo foi ou está sendo satisfeito. Portanto, neste contexto de argumentação, a afirmação de que renúncia ao desejo seria um caminho para a felicidade é insustentável. Na verdade, o foco deve ser mantido no modo como desejamos. Não se trata, em termos absolutos, de haver desejo ou não. Pois o desejo é o motor. É ele, de certo modo, quem nos mantém vivos. Sem desejo não há ação.

Segundo Luc Ferry (2007), a sabedoria antiga, por meio da escola estóica, nos ensina muito acerca da temperança e da resignação: desejar somente aquilo que dependa diretamente de nós; jamais despender energia e esforços para com o que é improvável; e, no eixo do tempo, não lamentar passado nem esperar nada do futuro. Ao invés de esperar, agir, e no agora. Há um foco na ação e no presente. Os estóicos concebem a esperança e a nostalgia como verdadeiros atrasos de vida. Devem ser expurgados de nossa existência. “Não chorar o leite derramado"; não criar expectativas demais”; “não viver em função de passado nem de futuro”: é mais ou menos nestes termos que estas questões são expressas pelo senso-comum.

Da minha leitura de autores que escreveram sobre o desejo, fica uma formulação, um valor que procuro também adotar para minha própria vida. Tento sintetizar, da forma mais simples possível (ou até simplória – talvez seja o caso), um imperativo moral no seguinte enunciado:

“Desejar mais o que já se tem e menos o que ainda não tem”.

A primeira é a classe dos desejos imediatamente possíveis. E a segunda é a classe dos desejos prováveis. Colocados na balança de nossa vida, é mais prudente que existam, em maior peso e número, os imediatamente possíveis. Esta classe diz respeito a tudo aquilo que desejamos e que pode ser imediatamente realizado. É desejar o que já se tem. É desfrutar de tudo aquilo que já possuímos. É dar valor ao que temos. Eis a

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