Psicologia
Psicologia da Tirania
Comportamentos autoritários e brutais dependem da personalidade e da organização social. Grupos não suprimem valores e crenças pessoais, mas tendem a acirrar características individuais por S. Alexander Haslam e Stephen D. Reicher.
Imagens de desumanidades e atrocidades estão gravadas em nossa memória. Judeus - homens, mulheres e crianças - sendo levados para as câmaras de gás. Vilas inteiras destruídas por bandos enfurecidos em Ruanda. Reincidência sistemática de estupro e destruição de comunidades como estratégia de "limpeza étnica" nos Bálcãs. O massacre de My Lai no Vietnã do Sul, a tortura de prisioneiros iraquianos em Abu Graib e, mais recentemente, a carnificina causada por ataques suicidas de homens-bomba em Bagdá, Jerusalém, Londres e Madri. Quando refletimos sobre esses fatos, uma pergunta é inevitável: O que faz com que as pessoas sejam tão brutais? Elas têm problemas psiquiátricos? São produto de famílias desajustadas? Será que dadas as condições certas - ou melhor, erradas - qualquer um é capaz de protagonizar atos extremos de violência coletiva? As pesquisas mais recentes, incluindo o que é, provavelmente, o maior experimento de psicologia social das últimas três décadas, estão abrindo novos caminhos para a explicação desses enigmas.
As perguntas sobre a crueldade coletiva foram responsáveis por alguns dos maiores desenvolvimentos da psicologia social desde a Segunda Guerra. Começando pela necessidade de entender os processos psicológicos que tornaram possíveis o horror do Holocausto, os cientistas têm procurado saber como pessoas, aparentemente civilizadas e decentes, podem perpetrar atos tão pavorosos.
Inicialmente, os teóricos procuraram explicar o comportamento patológico de alguns grupos por meio do estudo da psicologia individual. Em 1961, a historiadora e filósofa-política americana, de origem alemã, Hannah Arendt, acompanhou, em Jerusalém, o julgamento de Adolf Eichmann, um dos principais