Psicologia
A relação entre Educação e Psicologia data do reconhecimento dessa última enquanto ciência, no século XIX. Desde então essas duas áreas do conhecimento humano estabelecem diálogos íntimos, que ganham contornos diferentes de acordo com o contexto no qual se desenrolam.
Na área da Educação Infantil o contrato inicial estabelecido com a Psicologia pregava a definição de normas de comportamento, o estabelecimento de parâmetros de classificação e as condições de normalidade relacionadas ao desenvolvimento humano, elegendo a Psicologia como uma área “dona de um saber específico” imprescindível à Educação. Essa Psicologia inicial, de cunho inatista, trazia uma visão naturalizante, individualista e elitista de homem.
Ao focar as diferenças individuais e estabelecer os parâmetros de normalidade, a Psicologia estabeleceu uma parceria ideológica com a Educação ao reforçar a idéia de um indivíduo isolado do meio social, a-histórico e dotados de características naturais próprias da sua espécie.
Alguns momentos na evolução da relação Psicologia-Educação podem ser facilmente detectados. Um primeiro momento revelou uma relação que propunha um olhar diagnóstico para o aluno.Termos médicos como hiperatividade, dislexia, déficit de atenção e outros invadiram o cotidiano escolar e rotularam comportamentos e dificuldades de aprendizagem.
A Educação, endossada pela Psicologia, passou a lidar mais facilmente com questões como indisciplina, desmotivação e dificuldades de aprendizagem, uma vez que tais questões estariam diretamente ligadas a fatores médicos, localizados no indivíduo. A relação pedagógica, o papel da escola e as relações sociais estabelecidas dentro dela ficavam, portanto, não passíveis de análise, já que as explicações sobre o “mal” comportamento e a “não-aprendizagem” encontravam-se na própria criança. Os rótulos livravam a escola de uma análise mais comprometida e a poupavam de ter que enfrentar questões nas quais o óbvio