Psicologia uma nova introdução
PSICOLOGIA
Nas práticas científicas modernas a posição do sujeito que produz o conhecimento é bastante contraditória.
Por um lado, o cientista sente-se com o poder e com o direito de lidar com os fenômenos naturais para conhecê-los, desvendar seus mistérios, domíná-los, manípulá-los em experimentos bem controlados, etc. Nenhuma dessas atitudes e procedimentos é possível, por exemplo, enquanto subsista um respeito místico e religioso pela natureza - caso em que devemos apenas amá-Ia, apreciá-Ia, respeitáIa. Em outras palavras: a ciência moderna está baseada na suposição de que o homem é o senhor que tem o poder e o direito de colocar a natureza a seu serviço. Essa suposição está claramente associada ao que dissemos acerca do aprofundamento da experiência subjetiva individualizada, já que esta enfatiza a liberdade dos homens para decidir e agir de acordo com sua própria cabeça e sem qualquer tipo de limitação, elaborando suas crenças e avaliando-as a partir de suas experiências pessoais, de suas conveniências e interesses, livres das restrições impostas pelas tradições.
Por outro lado, os procedimentos científicos exigem que os cientistas sejam capazes de
"objetividade", isto é, que deixem de lado seus preconceitos, seus sentimentos e seus desejos para obterem um conhecimento "verdadeiro".
A PRÁTICA CIENTíFICA
E A EMERGÊNCIA:.
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Como disse Francis Bacon (1561-1626) - o filósofo inglês que, como vimos anteriormente, foi um dos precursores do novo espírito científico e contemporâneo de Descartes -, "a natureza não se vence senão quando se lhe obedece".
Para vencer é preciso obedecer e para obedecer é preciso disciplinar a mente, eliminar todos os
"subjetivismos". A metodologia científica que vem se desenvolvendo desde os quatro últimos séculos representa exatamente o esforço de disciplinar o espírito para melhor obedecer à natureza.
Ora, essa disciplina não é fácil e foi o próprio esforço para impô-Ia que levou