Psicologia social
É um dos traços fundamentais das concepções modernas de cidadania. Essas concepções se fundam todas nas filosofias políticas do século XVIII, filosofias do contrato social. Todas estão de acordo que, no início, mesmo se for um início hipotético, há indivíduos providos, de um modo ou, de outro, de direitos que chamamos direitos naturais; e que num momento ou noutro, por razões diversas segundo os autores, esses indivíduos venham e estabelecer contratos entre si.
A religião civil é, então, a necessidade que os indivíduos têm de ser não apenas movidos pelo interesse ou pela razão, motivos por algo como a fé. No fundo, o vínculo social (seria necessário tomar aqui a religião no sentido etimológico do termo, isto é, aquilo que faz a ligação) não é inteiramente racional, calculável, ele se baseia em algo que não seja o contrato.
O contrato social é pensado de forma a fazer com que o indivíduo tenha acesso a uma espécie de nova natureza, pela qual ele pertence imediatamente à totalidade política. Há por trás disso a idéia de soberania, idéia bastante presente em Rousseau e que reencontramos no espírito das instituições republicanas.
Daí o outro aspecto dessa cidadania à francesa que é a instauração constante de um face a face entre o indivíduo e o Estado, e de ignorar tudo o que pode ser da ordem da mediação social, o que se pode chamar, segundo Tocqueville, os corpos intermediários.
Enfim, essa cidadania à francesa é, na sua própria concepção, estreitamente jurídica e política. Numa outra leitura, se poderia dizer que ela dá plena expansão à dimensão jurídica e política do indivíduo.
As dificuldades presentes na cidadania são de várias ordens, ligadas à crise desse vínculo social e à crise do próprio modelo político, do modelo francês de