Psicologia institucional
A prática psicoterápica dentro de uma lógica não tecnicista consiste em manter uma posição crítica frente às representações que lhes são “impostas” por uma sociedade segregadora. Esta sociedade capitalista tem como ideal a produção, portanto esta segregação não é “vista a olho nu”, é preciso problematizar o que está dado como verdade ou como mentira, é preciso não comprar idéias prontas e sim inventar, criar sua própria imagem, é preciso sair do óbvio. Porém, diferir dentro de um sistema, em que todas as expressões são possíveis, onde até aquele chamado de estranho, de esquisito já foi capturado pelo capitalismo, que quer formar seletos grupos, é uma tarefa difícil, pois este sistema diminui nossa capacidade de pensar, e com isso repetimos padrões, não nos permitimos viver o “novo” porque ele assusta, ele tem algo diferente a nos falar e nem sempre é o que queremos ouvir, por isso nós o reduzimos ao modelo vigente.
Portanto, para suportar o imprevisível sem sufocar sua riqueza se faz necessário se afetar, não por qualquer coisa, mas por aquilo que te faça construir novos sentidos. E não tem como dizer o que vai ou não possibilitar a construção do novo, porque tudo emite sentidos, tudo será um modo de afecção, vai depender dos agenciamentos que perpassam as relações.
Como pode se perceber a vida é muito mais complexa que a visão tecnicista prega, logo é dever do psicólogo contestar essa lógica, e abrir novos campos de possibilidades, na medida em que a terapia acontece no encontro, e a escuta não se dá a partir de representações, porque é nos encontros que algo se muda em nós. Quando o psicólogo associa o ser do cliente a uma representação, a um padrão pré-estabelecido, perde-se a