Psicologia do trabalho aplicada á produção
Falar de saúde é sempre difícil. Evocar o sofrimento e a doença é, em contrapartida, mais fácil: todo o mundo o faz. Como se, a exemplo de Dante, cada um tivesse em si experiência suficiente para falar do inferno e nunca do paraíso. Apesar de tudo o que se pôde dizer e escrever sobre a infelicidade, sempre há o que descobrir neste domínio. Curioso paradoxo, que dá, definitivamente, á vivência alguns passos de vantagem sobre a palavra.
Em se tratando do trabalho, poderíamos nos satisfazer com as inumeráveis descrições que foram dadas sobre a violência na fábrica, na oficina, no escritório; no entanto, faleremos dos serviços públicos, das fábricas, da linha de produção, das indústrias de processo, das telefonistas etc, para revelar certos sofrimentos que, na verdade, foram negligenciados até hoje pelos especialistas do homem no trabalho.
Mais precisamente, nós procuraremos divulgar aquilo que, no afrontamento do homem com sua tarefa, pôe em perigo sua vida mental.
Assunto dentre os mais perigosos, por causa das paixões que ele desencadeia, tanto da parte dos trabalhadores quanto da parte dos dirigentes e especialistas; assunto que suscita, infalivelmente,a crítica social e levanta a questão explosiva das escolhas politicas.
Sabese que a psicopatologia do trabalho, para usar um truísmo, ficou no estado embrionário, apesar de alguns trabalhos importantes dos ano 50 (5759). Quando se conhece o desenvolvimento de que se beneficiaram as ciências humanas, de um século para cá, podemos nos espantar com a lentidão da psicopatologia do trabalho, em conquistar seu lugar de distinção.
Podemos propor várias explicações para este fenômeno. A primeira seria atribuílo à imaturidade da psicologia, da psiquiatria e da psicanálise. Entretanto, é notável o lugar privilegiado que essas disciplinas ocupam, há vários anos, tanto no espírito público quanto nos meios