Psicologia do direito

1015 palavras 5 páginas
Comportamento infantil
A criança porta-se mal ou quer apenas comunicar?
Quando, perante um saboroso prato de papas ou na hora de dormir, a Ana, que tem 2 anos, desata a espernear e a gritar, os pais levantam a voz, de dedo em riste, ou optam pelas «duas palmadas bem dadas», para acabar com a «birra». Mas será que a criança está, de facto, a portar-se mal... ou quer apenas comunicar algo aos pais?

É normal. Não há criança que, de vez em quando, não se porte mal. Mas, segundo o psicólogo clínico Álvaro Ferreira, «talvez não exista o mau comportamento».
Álvaro Ferreira defende que muitos daqueles que são catalogados como maus comportamentos são, simplesmente, atitudes que contrariam as idealizações dos pais: «Uma criança considerada mal comportada reflecte uma expectativa que os pais têm e que não é correspondida. Isso tem um carácter contextual. O que é, hoje, tido como mau comportamento não o era há dez ou vinte anos. Este conceito também varia com o local. Há sempre uma dimensão cultural acerca do que é bom ou mau comportamento.»
Este psicólogo clínico salienta que há pais que consideram mau comportamento ser irrequieto, não tomar atenção na escola, não querer dormir, tomar banho ou comer. «Na minha opinião isto, se calhar, não pode ser visto como mau comportamento», explica Álvaro Ferreira.
As expectativas dos pais vão se formando antes de o bebé nascer. «Uma mãe que, durante a gravidez, deseja inconscientemente que o bebé venha a ser muito rosadinho e que vai comportar-se como o seu primeiro filho vai, provavelmente, deparar-se com outra realidade: há um bebé real, que é diferente do imaginado - aquele que os pais desejam», explica o psicólogo. Isto causa frustração.
Muitos pais vivem com ansiedade o facto de as crianças manipularem os órgãos genitais, tocarem nas fezes, roerem as unhas ou chucharem no dedo. Segundo o psicólogo, «estes comportamentos são vistos como negativos, mas importa reconhecer que são atitudes normativas e saudáveis, desde que não se

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