Psicologia da Educação: Cumplicidade Ideológica
Ana Mercês Bahia Bock
A psicologia e a educação sustentam relações contestáveis que formaram a psicologia educacional.
Inicialmente, na concepção da chamada Escola Tradicional, a Psicologia não tinha um espaço assegurado no campo da educação. Na Escola Tradicional a educação era vista como um trabalho de desenraizamento do mal natural que caracterizava o ser humano. Os alunos tinham modelos a seguir, tais modelos eram exatamente os professores, figuras exemplares de “perfeição” e seguia a ideia que o ser humano possuía uma natureza dupla, ou seja, uma parte boa e outra ruim e a educação tinha a função de aperfeiçoar as crianças para que desenvolvessem sua parte boa, pois o conhecimento era visto como o único capaz de dar ao homem autocontrole para controlar sua parte má. Outro aspecto presente na Escola Tradicional eram os princípios estabelecidos a partir de disciplina e de regras firmes, com o objetivo de corrigir os desvios dos alunos.
Disciplina, regras, vigilância e muito conteúdo escolar caracterizavam a Escola Tradicional, com a alternativa do aluno desenvolver seu lado bom, era totalmente desnecessária a presença da Psicologia no âmbito da educação, uma vez que já se conhecia suficientemente bem o ser humano e suas formas de aprimoramento.
No século XX com a chegada da Pedagogia da Escola Nova esse pensamento muda. A criança passou a ser vista como um ser naturalmente bom, porém ainda com duas divisões: uma parte boa manifestada desde o nascimento e outra parte corruptível. Agora cabia à escola cuidar para que a bondade e a espontaneidade se mantivessem na criança, onde esta passou a ser assim um espaço de liberdade e de comunicação. Não se havia mais a preocupação com a disciplina, pois as expressões e as manifestações infantis também produziam construções e trocas. Desta forma abrem-se as portas educacionais para a Psicologia, uma vez que esta era capaz de conhecer a criança e seu desenvolvimento