Psicanálise e literatura
Denise Maria de Oliveira Lima*
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RESUMO
Neste trabalho proponho apresentar as elaborações teóricas de Sérgio Paulo Rouanet sobre o estilo shandiano, forma literária usada por Stern, Diderot, Xavier de Maistre, Almeida Garrett e Machado de Assis, apresentadas em seu livro Riso e melancolia.
Ao indicar, sucintamente, as quatro características da forma shandiana — hipertrofia da subjetividade do autor, digressividade e fragmentação, subjetivação do tempo e do espaço e interpenetração do riso e da melancolia — pretendo fazer uma aproximação entre a literatura e a psicanálise, apontando um possível diálogo entre as duas.
Palavras-chave: Subjetividade; Fragmentação; Digressão; Subjetivação do tempo e do espaço; Riso; Melancolia; Associação livre; Inconsciente; Literatura.
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Ao colocar no título deste trabalho a palavra "diálogo" quero dizer que, no meu pensamento, não se trata, para a psicanálise, de interpretar soberanamente fatos artísticos ou culturais, de "psicanalisar" a literatura, personagens literários, as artes plásticas, seu conteúdo, o que quer que seja. Por outro lado, não se trata, também, para a arte, de "interpretar" temas próprios à psicanálise. Trata-se, sim, de trazer à luz, a partir da psicanálise e da arte — consideradas como produtos da cultura e resultantes das condições sociais de sua produção — novas questões que se propõem em forma de diálogo.
Não se trata, igualmente, de justapô-las para melhor compreender um determinado objeto, mas de estabelecer uma relação entre elas, mantendo suas próprias identidades, respeitando-se a irredutibilidade de cada uma. Esta relação — que inclui, também, a contestação, que caracteriza o diálogo — pode levar a novas interpretações e construções do objeto, como também, eventualmente, a transformá-lo. DE TRISTAM SHANDY A MACHADO DE ASSIS.
Tenho nas mãos o