crìtica Psicanalítica
À partir de Marcelle Marinni
Introdução
A psicanálise surge com o questionamento, através da prática analítica, da fala e do discurso. Porém antes da psicanálise, a literatura já colocava o discurso em tensão ou nos dizeres de Roland Barthes (2007, p.16), a literatura é um “(...) logro magnífico que permite ouvir a língua fora do poder, no esplendor de uma revolução permanente da linguagem (...)” A relação necessária entre o estudo da psicanálise e o estudo da linguagem fez com que aquela, já nos seus primeiros passos, recorresse ao material literário.
Freud em suas primeiras elaborações teóricas se utilizou de obras como Édipo- rei de Sófocles, Hamlet de Shakespeare e Os irmãos Karamasov de Dostoiévski. Porém nos resta saber como ocorreu a contribuição do método psicanalítico nas concepções de fala e imaginário, surgindo assim a crítica psicanalítica, que segundo Jérôme (2002) se desenvolve ao longo dos anos sessenta como uma das diversas correntes da nova crítica. Isso é necessário, pois não podemos acreditar que a crítica psicanalítica se resume à aplicação de um arcabouço teórico da psicanálise num texto literário, a fim de procurar ilustrações para suas teses. A crítica psicanalítica é um trabalho de interpretação e de leitura à luz da psicanálise, e, para a realização de tais atividades, é necessário compreender e se posicionar ante as diversidades de teorias psicanalíticas, de objetivos propostos e da diversidade de corpus, ou seja, das produções culturais passíveis de uma análise psicanalítica, tendo em conta que a priori toda produção humana possui alguma influência do inconsciente, este a principal descoberta de Freud e marco do surgimento da psicanálise. Passemos a esse entendimento.
1 As bases do método
A crítica psicanalítica é uma atividade de interpretação, como dito alhures, baseada no pensamento e na prática analítica. Esta é marcada pelo talking cure, ou seja, o paciente realiza a associação livre, fala com