PSICANALISE E FILOSOFIA
Psicanálise e Filosofia: uma relação entre experiência psicanalítica e atividade filosófica
Ondina Pena Pereira
Resumo
A relação entre Psicanálise e Filosofia é aqui tematizada por meio de duas estratégias.
A primeira aborda a clínica psicanalítica pela perspectiva do divã, isto é, das representações/ teorias que os analisandos constróem sobre a sua vivência desse espaço/tempo especial. Tais representações indicam a miséria simbólica do mundo contemporâneo e apontam as dimensões ritual, poética e principalmente trágica da cena analítica. A segunda procura aproximar teoria psicanalítica e filosofia por meio do pensamento de
Nietzsche e de Rosset, quando se reencontra a teoria dos analisandos e se compreende a cena analítica como lugar da experiência trágico-poética de reinscrição do sujeito no mundo; assim a teoria analítica é lugar de desconstrução da ilusão de unidade do sujeito do conhecimento.
Unitermos
Trágico; cena analítica; miséria simbólica; ritual; poesia. relação entre Psicanálise e Filosofia apresenta-se aqui em duas faces: a primeira trata da forma pela qual a cena analítica, no sentido de sua prática clínica, inscreve-se na sociedade contemporânea; a segunda trata das relações teóricas entre o pensamento psicanalítico e a filosofia trágica.
Ao tratar da primeira face, não se adota a perspectiva do psicanalista nem se recorre à teoria psicanalítica, mas tenta-se, deixando-se influenciar pelo método clássico da antropologia – de busca do ponto de vista do nativo –, escutar as representações que os analisandos constróem sobre a sua vivência da cena, compreendida como o espaço/tempo especial onde encontram um outro, ao mesmo tempo íntimo e estranho, que os escuta. A escolha da perspectiva do divã, ou seja, da perspectiva daqueles que se submetem ao processo justifica-se, na medida em que ela é capaz de revelar na cena analítica certas dimensões que se tornam mais