Propiciação
Movido pela perfeição do seu santo amor, Deus em Cristo substitui-se por nós pecadores. É esse o coração da cruz de Cristo. Ele nos leva agora a nos voltarmos do acontecimento para as suas conseqüências, do que aconteceu na cruz para o que ela alcançou. Por que tomou Deus o nosso lugar e levou o nosso pecado? O que realizou ele com o seu auto-sacrifício e sua auto-substituição? O Novo Testamento dá três respostas principais a essas perguntas, as quais podemos resumir com as palavras “salvação”, “revelação” e “conquista”. O que Deus fez em Cristo por meio da cruz é salvar-nos, revelar-se a si mesmo e vencer o mal. Assim como a igreja de Cristo é apresentada na escritura como a sua noiva e o seu corpo, como as ovelhas do seu rebanho e os ramos da sua videira, como a sua nova humanidade, sua casa ou família, como templo do Espírito Santo e Pilar e fortaleza da verdade, da mesma forma a salvação de Cristo é ilustrada através da vívida imagem de termos como “propiciação”, “redenção”, “justificação” e “reconciliação”.
1. Propiciação – Textos: Rm 3:25 e João 2:2
O conceito caracteristicamente israelita da propiciação somente pode ser entendido dentro do fundo histórico da doutrina vétero-testamentária do pecado. Uma transgressão (ainda que seja inconsciente) contra as leis da aliança de Javé dá origem à culpa objetiva (cf. 1 Samuel 14:2 e segs.), que coloca em movimento uma força destrutiva cujos efeitos desastrosos necessariamente recaem contra o malfeitor e os seus negócios. Esta corrente de pecado e desgraça pode ser interrompida somente por Javé, na medida em que Ele desvia o efeito maligno de uma transgressão do culpado e dos seus negócios para um animal, que morre em lugar dele, sendo que o exemplo clássico é o ritual do bode expiatório dado a Azazel no dia da Expiação (Lv 16:20 e segs.). neste ato de expiação, o sujeito, que leva a efeito a expiação, fica