Projetos urbanos: operando nas bordas
Carlos Leite
Fragmentos
O trabalho aborda alguns aspectos acerca das incríveis contradições atualmente presentes no território do São Paulo – as mutações urbanas – e também uma discussão a partir de alguns projetos urbanos que enfocam estes novos desafios apresentados na cidade contemporânea. Estes projetos operam nas condições-limite do território metropolitano fragmentado, suas bordas: vazios urbanos, terrain vague, brownfields (3).
Estas fortes mutações territoriais emergiram na cidade pós-industrial, mais enfaticamente após a reestruturação da economia espacial nas últimas décadas. O declínio industrial gerou o esvaziamento de áreas urbanas inteiras. O território metropolitano tornou-se depositário de enormes transformações e abandono e desperdício urbanos tornaram-se particularmente evidentes na fábrica urbana atual: zonas industriais sub-utilizadas, armazéns e depósitos industriais desocupados; edifícios centrais abandonados; corredores e pátios ferroviários e industriais desativados.
Os projetos urbanos apresentados foram desenvolvidos ao longo da orla ferroviária de São Paulo sob o contexto desta condição territorial fragmentária típica e operam na aproximação com os conceitos aqui discutidos.
Neste sentido, uma breve análise acerca do processo de transformação territorial da metrópole paulistana é apresentada através de alguns comentários, números e imagens: uma visão geral do território sob mutação, um panorama da metrópole fragmentada e contraditória.
São Paulo: mutações Números | | População | 17 milhões | Área | 1.509 km2 | Densidade | 11.600 hab/km2 | Participação no PIB nacional | 45% | % população brasileira | 10,5% | Crescimento populacional | 0,5% por ano [5% na década de 70] | População em 1900 | 0,2 milhões [cresceu 27.000% em 100 anos] | População estimada para 2015 | 20,7 milhões | Crescimento da área urbana | 40.000% em 100 anos | % população vivendo em favelas | 20%