Projeto
Marilda Mazzali
Prof.Assistente Doutor da Disciplina de Nefrologia-DCM/FCM UNICAMP
Insuficiência renal aguda após o transplante renal ou retardo de função renal do enxerto pode ser caracterizada pela manutenção dos níveis séricos de creatinina acima de 5 mg% e/ou à necessidade de suporte dialítico durante a primeira semana de pós operatório. Este fenômeno dificulta o acompanhamento do transplante, uma vez que mascara os parâmetros clínicos e laboratoriais utilizados na monitoração funcional do órgão transplantado.
A IRA pós transplante renal costuma ter etiologia multifatorial, decorrendo tanto de fatores isquêmicos, imunológicos, não imunológicos como associados à nefrotoxicidade das drogas imunossupressoras. É observada em cerca de 10% dos transplantes realizados com doador vivo e em até 60% dos daqueles com doador cadáver1.
1. Fatores Isquêmicos
Fatores isquêmicos levando à hipoperfusão do enxerto podem ser decorrentes de alterações hemodinâmicas do doador, do receptor e/ou a sequelas da perfusão e da preservação renal.
1.1. Fatores isquêmicos relacionados ao doador
A maior incidência de disfunção renal em órgãos provenientes de doador cadáver tem sido associada às condições hemodinâmicas do doador e ao tempo de conservação renal mais prolongado (isquemia fria)2. Retardo de função renal foi associada à instabilidade hemodinâmica do doador, quer secundária à hipotensão arterial, à desidratação, ou à retirada de órgãos pós parada cardio-respiratória. Para que estas complicações sejam evitadas, sugere-se que o potencial doador seja mantido adequadamente hidratado, com diurese hora superior a 100ml/h, pressão arterial sistólica acima de 100 mmHg, utilizando-se dopamina quando necessário 3. Órgãos oriundos de doadores de múltiplos órgãos costumam cursar com menor incidência de retardo de função renal, provavelmente pelas melhores condições hemodinâmicas do doador múltiplo, especialmente se doador cardíaco