Projeto Romance
Pedi o de sempre, um café com leite simples, até porque eu só tinha três reais no bolso. O pessoal adora ir num desses cafés com estilo americano, mesas nas laterais, quadradas com assentos amofadados, que inclusive, com cafés caríssimos. Todas as minhas moedas iriam naquele simples café, mas era um dia de esforço, estar ali já era o máximo, então tinha que pagar o preço, literalmente. Com pressa, corri pra pegar o lugar do canto. Eu me sinto mais segura no canto da mesa, assim posso observar tudo que está acontecendo e vejo quem está a me observar. Ajeitei-me num pulo e o pessoal foi se acomodando também. Nessa hora, tive uma reflexão ridícula na mesa que me tirou do local mentalmente por longos minutos: Não é engraçado como as pessoas se ajeitam rápido numa mesa mesmo que pela primeira vez no lugar, e tratando-se de si mesmas, ficam perdidas em ajeitar passos para solucionar problemas que vivenciam o tempo todo? Eu sei que é uma ilustração de caso sem sentido, mas pensei na questão de quando se trata de algo que ninguém pode critticar, agimos rápido, e quando seremos estudados por uma ação tomada, temos medo. Ninguém vai ousar te perguntar porque você quis sentar na cadeira número 2 da mesa, à não ser que você tenha TOC e pessoas próximas saibam.
Meu café logo chegou, dei o primeiro gole com pressa pra me infiltrar nos costumes da mesa. E como todas as reuniões, não deu dois minutos para uma moça começar a reparar nas vestimentas das meninas de outra mesa. Já os caras da ponta da mesa, rindo de como ela consegue se preocupar com isso em seu horário de lazer. E eu como um cara, pensando o mesmo. Lamentando, na verdade.
Não vou ser hipócrita a ponto de falar que tenho a mente mais pura. Quando vejo algo