Profuncionário
20 de agosto de 2009 às 13:00
“A partir dos anos 80 ficou claro para muitos teólogos – nem todos, claro – que não só os povos gritam, as águas gritam, as florestas, os animais, a Terra grita, porque são todos oprimidos. Solos são devastados, os ares são poluídos. O planeta é agredido de todas as formas”. Leonardo Boff.
Essa é a questão fundamental para que o rumo da Filosofia e sua eterna, e quase inalcançável busca pela ética, mude. Quem são os oprimidos? A quem se estende a nossa alteridade? Afinal, o que é alteridade e o que é opressão?
Alteridade é quando conseguimos compreender o “Outro”, nos colocarmos em seu lugar, nos compreendermos como ele se compreende, é ouvi-lo, é sentir seu desejo pela vida e pela liberdade. Em nossa dominação pela Terra e por tudo que nela existe, nós não exercitamos a alteridade, mas sim, a dominação, de forma bruta tanto para com aqueles que julgamos inferiores, como para conosco mesmo. Ação e reação, o que enfrentamos hoje nos aparece na forma da terceira lei de Newton:
“Para cada ação há sempre uma reação, oposta e de mesma intensidade”. Somos incapazes de pensar na Natureza como um “Outro”, como aquele a quem oprimimos e subjugamos, somos incapazes de ver os animais como um “Outro Ser” do qual nos apropriamos e oprimimos, porque somos incapazes de exercitar a alteridade para com eles.
Talvez com poucas exceções, a grande maioria dos autores que fala em alteridade, aponta como “Outro” apenas o ser social, aquele que se relaciona, porém, esse mesmo “Outro” que se comunica e troca experiências é, na ponta dessa corrente, um ser oprimido devido à opressão que ele, e quem o defende, causa ao esquecer que a água igualmente grita, que os animais igualmente gritam por serem eles, todos oprimidos.
Por isso a necessidade de nos debruçarmos sobre a Filosofia e encararmos com coragem os desafios que ela nos impõe, para que alcancemos uma ética que mostre que o “Outro” não é