Professora
O período de 1930 a 1945 registrou a estréia de alguns dos nomes mais significativos do romance brasileiro. Assim é que, refletindo o mesmo momento histórico e apresentando as mesmas preocupações dos poetas da década de 30, encontramos autores como José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Érico Veríssimo, que produzem uma literatura de caráter mais construtivo, mais maduro, aproveitando as conquistas da geração de 1922 e sua prosa inovadora.
As transformações vividas pelo país com a Revolução de 1930 e o conseqüente questionamento das tradicionais oligarquias, os efeitos da crise econômica mundial e os choques ideológicos que levaram a posições mais definidas e engajadas formavam um campo propício ao desenvolvimento de um romance caracterizado pela denúncia social - verdadeiro documento da realidade brasileira -, em que as relações "eu" / mundo atingiam elevado grau de tensão.
O trecho de Vidas secas, de Graciliano Ramos:
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos
[...]
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanhacado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o iaô a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Percebe se a força narrativa com que o narrador descreve a cena cruel, de retirantes exaustos sob o sol, a família silenciosa e triste, com a qual ele se solidariza ("os infelizes"); ele e nós, os leitores. A lentidão proposital da narrativa é a superação difícil do caminho sob o sol (para onde vai quem não tem terras?) e a secura descritiva reproduz o silêncio dos que estão exaustos. Essa é a seca vida do herói - agora um anti-herói -, humilhado e vencido pelo meio hostil.
Esses romances foram