professora
O texto de Louis Dumont tem uma importância fundamental para a discussão sobre a modernidade. Ele irá relacionar a modernidade com o individualismo. Para se compreender o texto de Dumont é preciso, em primeiro lugar, lembrar a distinção que ele faz entre o indivíduo como sujeito empírico e como valor moral. Ele afirma que o individualismo é o valor fundamental da sociedade moderna. Em segundo lugar, devemos lembrar a oposição entre “holismo” e “individualismo”, sendo que este último é o “valor fundamental da sociedade moderna” e que o holismo é o valor dominante nas sociedades tradicionais.
Nas sociedades tradicionais, holistas, o indivíduo não possui valor moral que detém na sociedade moderna individualista. Esta sociedade, contudo, surgiu, partindo de um ponto de vista histórico, a partir do desenvolvimento das sociedades tradicionais. Torna-se natural, então, que o individualismo só possa surgir em oposição à sociedade holista. O problema reside em saber como isto ocorre. Para Dumont, isto é possível porque o individualismo surge como uma espécie de suplemento a ela. Esta espécie de “suplemento” não é o individualismo da sociedade moderna e sim uma outra forma de individualismo. O individualismo do mundo moderno é o de “indivíduo-no-mundo” enquanto ”que o das sociedades tradicionais é o do “indivíduo-fora-do-mundo”. Dumont faz um itinerário que percorre a filosofia antiga, o cristianismo e sua história, até chegar ao ponto máximo da ruptura: Calvino. Dumont busca comprovar sua tese citando o caso da Índia e remontando a história do cristianismo, que, segundo ele, apresentam o ponto de partida do individualismo, pois demonstram o surgimento do renunciante, do indivíduo estranho ao mundo. Segundo Dumont, os ensinamentos de Cristo e de Paulo colocam em evidência a idéia de que o cristão é um “indivíduo-em-relaçao-com-Deus”. Trata-se de um individualismo extramundano, que manifestaria uma dicotomia entre as