Professora sim, Tia não - Cartas a quem ousa ensinar (Resenha)
Edimar Filho de Sousa Nunes
José Edilson Bezerra Soares1
Paulo Freire é, sem dúvidas, um dos maiores nomes da pedagogia atual. Em sua obra “Professora sim, tia não – Cartas a quem ousa ensinar” ele procura, através do enunciado, exigir um primeiro empenho à compreensão e entendimento não apenas do significado de cada uma das palavras que compõem o próprio enunciado, mas também sobre "o que elas ganham e perdem, individualmente, enquanto inseridas numa trama de relações" (p. 9). Assim, dividindo o enunciado em três blocos (a) professora, sim, (b) tia, não e (c) cartas a quem ousa ensinar, enfatiza a tarefa do educador, que requer comprometimento e gosto de querer bem não só aos outros, mas ao próprio processo que ela implica.
O texto tem a intenção de mostrar que a tarefa do educador também é a de ser aprendiz, sendo preciso para isso ousar, o aprender a ousar, para dizer não à burocratização da mente a que nos expomos no dia-a-dia. Segundo Freire, é preciso ousadia ao próprio fato de se fazer professor, educador, que se vê responsável profissionalmente pela formação permanente. Nesse sentido, não se quer desmoralizar ou desvalorizar a figura da tia, mas questionar a desvalorização profissional, que vem acontecendo há décadas, de transformar a professora num parente postiço.
Paulo Freire faz nas “Primeiras palavras - Professora - tia: a armadilha” uma ligação com obras anteriores, “Pedagogia da Esperança” e “Pedagogia do Oprimido”, impossibilitando a dicotomização dos temas e de suas obras. O livro é escrito em uma fase da vida do autor em que ele passa pela experiência recente de ter sido Secretário de Educação da Cidade de São Paulo na gestão de Luiza Erundina, que foi um momento político de grandes transições, todavia se faz necessário ressaltar a análise de papéis, possibilidades de fazer o pensador gestor diante de ações que levam ao movimento dinâmico