PROFESSORA OU RAINHA DO LAR

PROFESSORA OU RAINHA DO LAR? – MEMÓRIAS DE EX-ALUNAS DO COLÉGIO SANTA BERNADETE EM AMARGOSA-BA

Miguel José da Silva [e-mail] Este texto é um recorte da pesquisa em andamento no Mestrado em História Regional e Local, UNEB, CampusV, tendo como objeto o Colégio Santa Bernadete, instalado em Amargosa no ano de 1946, pertencente à Congregação das Sacramentinas, que tinha como objetivo maior atender a formação das moças, futuras mães e professoras. Um aspecto a ser analisado é a maneira pela qual essa educação conduzia as alunas a absorverem os papéis sociais historicamente destinados ao gênero feminino, levando-se em conta que a educação se constrói sob o signo das ideologias e das relações de poder, portanto, das relações culturalmente estabelecidas entre os sexos, classes, etnias e gerações. A formação do referido Colégio, dirigido por uma Congregação Religiosa Católica, era fundamentalmente alicerçada nas dimensões ética, espiritual e religiosa.
A educação formal, por meio de regras, atitudes trabalhadas, valores passados, torna-se um espaço privilegiado no processo de estabelecimento da identidade de gênero. O gênero é uma categoria nova na análise histórica e que tem procurado mostrar as referências culturais e sociais surgidas a partir de relações estabelecidas entre homens e mulheres. Ainda que num sentido restrito, a definição de gênero continua sendo uma referência aos estudos que têm a mulher como objeto, esta visão tem sido ampliada para uma construção social, histórica e cultural organizada a partir das diferenças sexuais. Conforme Jane S de Almeida (1998 p. 40):

“o conceito de gênero não se refere especificamente a um ou outro sexo, mas sobre as relações que são socialmente construídas entre eles. Essas relações estão imbricadas, por sua vez, com as relações de poder que revelam os conflitos e as contradições que marcam a sociedade”
Seguindo esta linha de pensamento, compreende-se a educação como um ato político que