professor
- O PAPEL DA LUTA REGIONAL BAIANA -
A. A. Decanio Filho
Em lugar do "Cinturão de Campeão"... o título de Doutor!
Durante a terceira década deste século, isto é, em torno dos 7 anos de idade, comecei a tomar conhecimento das dificuldades encontradas pelas atividades culturais africanas em Salvador.
Apesar da mestiçagem da minha origem sangüínea (indígena, africana, portuguesa e italiana) a linhagem cultural era nitidamente branca e pude perceber a repulsa sutil dos mais velhos aos costumes populares afro-brasileiros.
Os baianos aceitavam de bom grado a presença dos quitutes africanos na dieta e o trabalho humilde dos descendentes dos africanos, porém olhavam enviesado as suas manifestações culturais.
A proscrição à prática dos costumes e religiões africanas era evidente no samba, considerado como prática de malandros, marginais e desocupados e, sobretudo, na perseguição feroz ao candomblé e à capoeira.
Na revolução de 30 tomei conhecimento da fuga do temido Pedro Gordilho, feito temeroso pelo seu afastamento de cargo de Chefe de Polícia pelos revolucionários e pela consciência da injusta e desumana perseguição aos populares de Salvador e às suas manifestações culturais.
O fato foi mais notável aos meus olhos porque ouvi os fuxicos de haver o Comando da Região Militar encarregado meu pai da guarda, proteção e remoção do assustado ex-algoz do alcance da justa represália almejada pelas vítimas dos seus abusos de poder.
As referências desairosas Lídio, por ser tocador de pandeiro e sambador do largo da Saúde e a outros "malandros, desordeiros e desocupados", boêmios.
E as restrições se estendiam ao genial Dorival Caymi, cuja paixão pela música do nosso povo, à falta de transporte mais cômodo, o conduzia à pé para Itapoan a fim de cantar e tocar com os pescadores, donde surgiram suas maravilhosas criações de tonalidade iorubana, que era considerado companhia inconveniente ("mau exemplo", capaz de desencaminhar os