Professor
1 - Problema e Hipóteses
2 - Justificativa
3 - Objetivos
4 - Pressupostos Teóricos
5 - Revisão Bibliográfica sobre o Problema
6 - Metodologia
7 - Referências
1 Problema e Hipóteses
[...] a fila de soldados, quase todos pretos, dando porrada na nuca de malandros pretos, de ladrões mulatos e outros quase brancos tratados como pretos só pra mostrar aos outros quase pretos (e são quase todos pretos) como é que pretos, pobres e ricos e quase brancos, quase pretos de tão pobres são tratados. CAETANO VELOSO, Haiti
Nesta proposta de tese, um trabalho de cunho ensaístico, revisito minha proposição teórica de “outrização produtiva” (2003) – conceito-atitude para se pensar as estratégias, as possibilidades e as realizações de encontros culturais na contemporaneidade – com o objetivo de perscrutar e explicitar o lugar da linguagem chula e das identidades diaspóricas no que se pode considerar o “cânone pós-colonial”, especificamente em duas obras representativas: Omeros, do poeta caribenho Derek Walcott (1992), e Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro (1984). A chulice presente nessas obras (como na maior parte dos textos literários mais relevantes das últimas décadas no Ocidente) é, portanto, tomada como “outrização produtiva linguística”, ou seja, a língua, em suas variantes indisciplinadas e vernaculares, como o “outro lingüístico” que, na maioria das vezes, fica invisível na carnalidade do texto, pois que, em geral, as obras literárias são tomadas como monumentos em que essa linguagem de baixo calão não passa de um detalhe, de uma licença poética pela fala dos personagens e, cada vez mais, no texto dos narradores. Desse modo, visibilizar e refletir sobre a chulice, sobre a representação identitária diaspórica, subalterna ou não, nas duas obras literárias referidas, é a proposta central deste projeto, que se insere no âmbito dos Estudos Culturais Pós-Coloniais, especialmente