Processos gerenciais
REFLEXÃO
Frei Luiz Carlos Susin
O ser humano não habita apenas uma casa feita de tábuas ou de tijolos. Como ser “humano”, vivendo junto com outros seres humanos, sua habitação – seu ethos – é feito de hábitos, de costumes e tradições, de sonhos e de trabalho, formando um verdadeiro habitat, um ambiente vital onde a vida humana pode nascer, crescer, se multiplicar. Como toda casa, há alicerces para a ética: são os princípios, os fundamentos da ética, algo absolutamente necessário para que a ética se sustente. Há também vigas mestras para apoiar os assoalhos e as paredes: são os padrões, os modelos que determinam os espaços do que seja ético e do que fica do lado de fora da ética. Há, evidentemente, o telhado, ou seja, aquilo que irá proteger a ética para que não fique exposta continuamente às crises das intempéries e dos ventos de doutrinas estranhas. Os detalhes e acabamento também são importantes. As repartições que organizam de modo harmonioso o lugar de dormir, o lugar de comer, o lugar de acolher o hóspede, podem ser comparadas com as diversas orientações da ética: a intimidade das pessoas, a necessidade de economia, o desejo de relações sociais. Enfim, como na casa, a ética ganha vida através de tantos pequenos detalhes cotidianos. O lar é feito de um café da manhã, e uma música na sala, de um remédio à cabeceira, das fraldas do menino, do chinelo na porta. E a ética acaba se dando através de tantos pequenos e firmes costumes, que, afinal, como na casa, esquecemos os alicerces, as vigas mestras internas às paredes, até o telhado, para nos deixar tomar simplesmente pelo gosto de abrir a janela e respirar as folhas orvalhadas ao primeiro raio de sol ou pelo costume de tomar chá antes do repouso, ou de beijar a amada ao sair para o trabalho. Esquecemos a ética e nos fixamos na moral,