processo seletivo
MEU BATISMO DE FOGO Em 62, formada no normal, um curso técnico de 2º grau, supunha-se que a professora deveria aprender um conjunto de procedimentos para realizar sua tarefa de ensinar. Tínhamos aulas de metodologia da linguagem, da matemática, das ciências, dos estudos sociais. Essas metodologias eram um conjunto de práticas que aprendíamos e deveríamos reproduzir com nossos alunos. Saíamos da escola menos preparadas que um mecânico, a quem se ensina a apertar esse parafuso e soltar aquele, mas que tem de conhecer muito bem o motor com o qual esta trabalhando, para compreender o que se modifica lá quando se mexe aqui ou ali. Antes que esses insucessos começassem a me acontecer na prática eu já tinha uma intuição deles. Quando começamos a ter metodologia, no 2º ano normal, me pus alerta. Procurei minha professora de psicologia do desenvolvimento, a Dra. Ivã Waisberg Bonow – que possuía uma formação acadêmica sólida e prestígio no Rio de Janeiro-, para conversar. Disse-lhe que não compreendia o porquê daquelas orientações. Ela me recomendou ler Piaget – em francês, pois não havia nada publicado em português. Como tinha uma boa formação em língua francesa, do ginásio, pus-me a ler. Lembro-me de ter tido uma dificuldade enorme para entender, e o que me sobrou naquele momento foi a idéia de que era importante trabalhar em grupos, que os meninos deviam ter a possibilidade de trocar idéias com os colegas. Mas eu olhava essas idéias apenas do ponto de vista da formação sociabilidade, da moralidade, de uma questão política, que era privilegiar o desenvolvimento da cooperação em vez da competição. a grande questão de como é que as pessoas aprendem – e por que, diante de uma mesma situação, uma pessoa pode aprender e outra não-, sobre isso eu não consegui informação. Acho que o professor continua chegando hoje à escola com as mesmas insuficiências com que eu cheguei em 1962. Ele