Processo de desumanização
O escritor inglês Aldous Huxley em dois de seus livros, Admirável Mundo Novo (um romance de 1931) e Regresso ao Admirável Mundo Novo (um ensaio de 1958), fez análises sobre os limites da desumanização e do artificialismo a que poderíamos chegar com nossa sociedade capitalista tecnológica.
Uma sociedade que acredita que a felicidade pode ser alcançada com os avanços da tecnologia e do progresso, através do consumo.
Nesses livros, Huxley nos mostra com muita clareza, os meios e processos que podem ser utilizados por um poder supostamente democrático para manipular e conduzir o povo, “como um gado”. Esses métodos, são, na verdade, a evolução da forma milenar do “pão e circo”, utilizada por imperadores romanos.
Entre esses métodos, Huxley cita o uso dos poderes da sugestão, que pode ser da forma branda usada no marketing no ocidente, ou da forma traumática das lavagens cerebrais utilizadas nas ditaduras socialistas do oriente; as técnicas de condicionamento social; bem como o fornecimento de “felicidade” ao povo com sexo livre, conforto e comodidade da sociedade de consumo, além de diversões baratas e vulgares e no último caso, a fuga da realidade com drogas.
O autor também fez previsões sombrias sobre o uso da genética para produzir humanos previamente adaptados ao seu papel social. Nesses dois livros, Huxley foi simplesmente brilhante quando fez comparações entre uma sociedade claramente ditatorial, que se mantém através da opressão e do medo, por um lado, e de uma sociedade supostamente democrática por outro. Segundo ele, para um ditador é muito mais eficiente uma sociedade em que aparentemente floresça a liberdade do que aquela mantida pela força, pois nessa última, o indivíduo é impelido a cooperar pelo medo, pelo terror, pelo castigo.
O resultado a longo prazo é a queda nos resultados para o ditador e seus objetivos. Pois, oprimido, o cidadão se torna desmotivado, improdutivo. Pode usar o boicote, como válvula de escape.