problemas sociais

Texto

A justiça platônica

Fichamento de leitura

BITTAR, Eduardo. Teorias sobre a justiça: Apontamentos para a história da Filosofia do Direito. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2000, pp 9-32.

A tradição que se formou em torno do ideal filosófico de vida, atravessou a história ocidental interpretado com variantes e peculiaridades inerentes a cada período. Enquanto o início da filosofia coincide com o surgimento das primeiras inquietações a respeito da natureza e do cosmo, o ideal contemplativo-teorético de vida parece assentar-se em origens insólitas, encontrando manifestações mais explícitas e sistemáticas apenas no século IV A.C.. Com a escola platônica. Para Pitágoras, a percepção do todo não é dada àquele que atua, antes é inerente àquele que contempla e que, é distância, vislumbra o descortinar-se da realidade. Atribui-se a Pitágoras o papel de haver cunhado a expressão que coloca o filósofo como cultivador de uma filosofia. Numa perspectiva histórica, a reflexão pitagórica apresentou as primeiras premissas no sentido da justificativa discursiva da vida contemplativa. A especulação pré-socrática converteu-se em perquirição ética com Sócrates, deixando a filosofia de ser uma busca cosmológica para ser uma busca antropocêntrica. Diferente foi à situação quando: a condenação de Sócrates firmou a hostilidade da cidade com o filósofo. Não se trata, portanto, de se questionar o papel da filosofia em sua função prática de atuação e repercussão na realidade, uma vez que se não é uma ciência prática resulta da própria história dos que primeiro filosofaram. Quando se trata de investigar pontualmente a virtude da justiça, constata-se desde o início, a imbricação do tema com o pressuposto metafísico. Discutir e enfrentar o problema da justiça na teoria platônica pressupõe que se desloque a pesquisa no sentido da abordagem do fundamento último das práticas de poder, jurídica e políticas. A transcendência da justiça não se deve ao fato de ser esta uma questão