Pro dia nascer feliz
SOCIAL E CULTURAL
Recife, 16 a 19 de outubro de 2007
PUBLICIDADE, CONSCIENTIZAÇÃO E PERSUASÃO: OS EFEITOS DA LITERATURA
DE CORDEL DURANTE O MOVIMENTO DAS LIGAS CAMPONESAS (1955-1964).
Suzana Rebeca da Silva Lima1
Para James Darmesteter, tanto a literatura tradicional quanto a popular são criação erudita, entretanto, é através da convivência, das percepções obtidas a partir da observação do folclore que os ‘eruditos’ conseguem sistematizar a cultura popular e transformá-la num objeto patente à população em geral. Ainda que numa visão um tanto quanto preconceituosa,
Darmesteter consegue captar uma questão sobremaneira importante: a penetração dos eruditos por entre a cultura popular e suas formas de trabalhar as percepções de massa:
... Mais de tout temps et dans les milieux les plus rudimentaires, il y a à côte de la masse passive des esprits qui réfléctissent, que créent, qui formulent les ideés et les sensations inconscientes de la masse, en un mot des savants.
(DARMESTETER apud CASCUDO, Câmara, s/d.)2
No Nordeste brasileiro, durante as décadas de 1950 e 1960, temos um exemplo deste tipo de relação entre os saberes científicos ou eruditos e os saberes populares. Francisco
Julião, líder das chamadas Ligas Camponesas foi, tal como descreve Darmesteter, um
‘erudito’ que conseguiu captar algo da cultura sertaneja. Por seu convívio com os camponeses, Julião pôde planejar as melhores formas de falar aos trabalhadores rurais, de se fazer entendido e de persuadi-los. Através de elementos já conhecidos dos camponeses tais quais os violeiros e as literaturas de cordéis, Julião conseguiu o apoio de milhares de foreiros.
Os cordéis são sobremaneira importantes quando se pretende o estudo da cultura campesina. Através dele se resguarda o folclore, as histórias, os desígnios, as tradições de uma parte da população que nem sempre tem todas as possibilidades de imortalizar sua história, mas acaba fazendo-o de maneira –